Existem 3 realidades após a morte: o céu, o purgatório ou o inferno. O texto nos mostra o que caracteriza cada uma dessas realidades e como poderemos escolher nosso destino final.

Falar sobre Céu, Inferno e Purgatório é sempre oportuno e necessário, pois precisamos bem viver o agora, o presente, para bem vivermos a eternidade. Jesus Cristo veio nos ensinar, a amar como Deus Pai nos ama, abrindo-nos ao seu amor e ao Espírito Santo, como via de santidade que nos trará a felicidade suprema e definitiva.

Maria Beatriz Gennari Rudge

Fundadora do canal católico  no Intagram @Deus_conVida

O céu, o inferno e o purgatório

O que acontece quando morremos? Aos olharmos do lado de fora para um túnel escuro certamente nos passará pela mente o que poderia ter dentro dele, como seria esse túnel, se longo, curto, bonito ou estranho. E mais, onde será que esse túnel nos levaria, o que existe do outro lado. Qual seria a visão que teria ao  passar por ele?

Fico fascinado com alguns relatos de pessoas que fizeram a experiência de serem ressuscitadas pela equipe médica após morrerem. Algumas dessas pessoas contam que naquela experiência de quase morte, naquele momento sentiram sua alma descolar do corpo e se viram entre os médicos e o próprio corpo que acabara de deixar. Outras contam que fizeram a experiência de entrar num túnel multicolorido que girava bem rápido, muito semelhante quando olhamos para um caleidoscópio. A multiplicidade de cores envolvia a alma e reportavam a uma experiência de passagem, de movimento, que parte desta realidade para uma nova. Outros relatam que entravam num túnel escuro e sentiram uma sensação de pavor e pânico.

... pessoas que fizeram a experiência de serem ressucitados

Alguns relatos místicos contam que nessa hora, em alguns casos a própria Virgem Maria aparece e conduz a alma para se encontrar com Deus. Outras vezes a alma seria conduzida por anjos, ou até mesmo por alguns dos santos que eram tidos como santos de devoção pela pessoa aqui na terra. Também outros místicos contam que na hora da morte o demônio também pode aparecer para perturbar a alma, e para alguns, carrega-la consigo para o inferno ardente.

A Igreja é uma instituição criada neste mundo, mas que não veio deste mundo, ela tem origem em Deus, nasce do coração aberto de Jesus no alto da Cruz. Portanto a Igreja é uma instituição divina, e na sua essência é revestida de um poder espiritual para conduzir seus filhos à vida eterna, a vida em Deus e com Deus. A Igreja nos ensina em seu Magistério sobre a realidade pós morte. Esse tema na doutrina católica recebe o nome de novíssimos. É a discursão teológica sobre o que acontece conosco após a morte, fala sobre a realidade do céu, do inferno e do purgatório.

A Igreja nos ensina que existem dois tipos de juízo, um Juízo Universal e outro Juízo particular. O Juízo Universal, também chamado de Juízo final, ocorrerá na ressurreição de todos os mortos, «justos e pecadores» (Act 24, 15. Será «a hora em que todos os que estão nos túmulos hão de ouvir a sua voz e sairão: os que tiverem praticado o bem, para uma ressurreição de vida, e os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de condenação» (Jo 5, 28-29). Então Cristo virá «na sua glória, com todos os seus anjos […]. Todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. […] Estes irão para o suplício eterno e os justos para a vida eterna» (Mt 25, 31-33.46).

... Na hora da morte o demônio também pode aparecer para pertubar a alma

O Juízo final terá lugar quando acontecer a vinda gloriosa de Cristo. Só o Pai sabe o dia e a hora da vinda de Jesus. Esse momento será o desfecho definitivo de Deus sobre toda a história, sobre toda humanidade. Nesse grande dia será revelado o sentido último de toda a obra da criação e de toda a história da salvação. O Juízo final revelará o triunfo da justiça divina sobre todas as injustiças cometidas pelas suas criaturas e como o seu amor é mais forte do que a morte (cf. Ct.8, 6).

Esse Juízo final é chamado também de Juízo Universal porque ele se dará para todos, desde o primeiro ser vivente, Adão e Eva, até o último ser humano criado até a Parusia, a segunda vinda de Jesus.

Agora o segundo juízo que a Igreja nos ensina, chamado de Juízo Particular, esse se dará de forma pessoal, imediatamente após a morte de alguém. O Catecismo da Igreja Católica ensina que «a morte põe termo à vida do homem, enquanto tempo aberto à aceitação ou à rejeição da graça divina, manifestada em Jesus Cristo» «Ao morrer, cada homem recebe na sua alma imortal a retribuição eterna, num juízo particular que põe a sua vida em referência a Cristo, quer através de uma purificação, quer para entrar imediatamente na felicidade do céu, quer para se condenar imediatamente para sempre». Cat. 1021-1022

Como será esse Juízo Particular, o que poderá acontecer quando morrer? O Magistério da Igreja nos fala de 3 realidades existentes. O céu, o inferno e o purgatório. Essas realidades não devem ser entendidas como um lugar físico, o que se torna mais fácil para nossa compreensão, mas devem ser compreendidos como um estado, ao qual será submetida a alma.

... realidades existentes: o céu, o inferno e o purgatório

O céu…

O céu é “o fim último e a realização das aspirações mais profundas do homem, o estado de felicidade suprema e definitiva.” São Paulo escreve: Nem olho viu, nem ouvido ouviu, nem passou pelo pensamento do homem as coisas que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (1Cor 2, 9). Depois da morte, no juízo particular, os que morrem na graça e na amizade de Deus e estão perfeitamente purificados vão para o céu. Vivem em Deus, vêem-no tal como é, face a face. Estes que estão sempre com Cristo estarão para sempre na amizade de Deus, gozando da sua felicidade, do seu Bem, da Verdade e da Beleza divina. Será uma vida perfeita com a Santíssima Trindade, uma comunhão de vida e de amor com Ela, com a Virgem Maria, com os anjos e com todos os santos, os bem-aventurados. Pela sua morte e ressurreição, Jesus Cristo «abriu-nos» o céu. Viver no céu é “estar com Cristo” (cf. Jo 14, 3; Flp 1, 23; 1 Ts 4,17). Cat. 1023-1026

... os que morrem na graça e na amizade de Deus e estão perfeitamente purificados vão para o céu

O purgatório…

Muitas pessoas pensam que o purgatório seria um lugar transitório, onde passando por esse lugar a alma seria destinada ao céu ou ao inferno. Mas se enganam. Estando no purgatório já temos a certeza de que, ao seu tempo, um dia aquela alma se encontrará com Deus e gozará da sua graça em plenitude. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas ainda precisam ser purificados, embora certos da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do reino celeste. A Igreja chama Purgatório esta purificação dos escolhidos. O purgatório é absolutamente distinto do castigo eterno destinado aos condenados, o inferno.

Devido a essa purificação nós então rezamos pelas almas falecidas. Esta doutrina apoia-se na Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac 12, 46). A Igreja sempre honrou a memória dos defuntos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício Eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. Também a Igreja recomenda outras práticas em favor dos mortos, a esmola, as indulgências e as obras de penitência. Cat. 1030-1032

... alguns sofrem depois da morte uma purificação a fim de entrar no Reino Celeste

O inferno…

Mais do que um lugar físico, o inferno é um estado de alma. Estar no inferno significa permanecer separado de Deus, do nosso Criador, para sempre, por nossa própria e livre escolha. O inferno é um estado de auto exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os santos. Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus é escolher este fim para sempre.

A Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde sofrem as penas de seus pecados no «fogo eterno». A principal pena do inferno consiste na separação eterna de Deus, o único em Quem o homem pode encontrar a vida plena e a felicidade eterna. Jesus fala muitas vezes da «geena» do «fogo que não se apaga» reservada aos que recusam, até ao fim da vida, o seu amor.

As afirmações da Sagrada Escritura e os ensinamentos da Igreja a respeito do Inferno são um apelo para o uso correto da nossa liberdade  humana, tendo em vista o destino eterno. É um convite à conversão: «Entrai pela porta estreita, pois larga é a porta e espaçoso o caminho que levam à perdição e muitos são os que seguem por ele. Estreita é a porta e apertado o caminho que levam à vida e como são poucos aqueles que o encontram!» (Mt 7, 13-14). Cat, 1033-1036.

... Estar no inferno significa permanecer separado de Deus

E quando eu morrer?

Talvez alguns pensem que nos encontraremos com o Supremo Juiz, o Cristo Senhor, e nessa hora ele lançará sua sentença eterna sobre nós. Mas penso de forma diferente. Não é Deus que nos lançará nessa ou naquela realidade, não. Deus apenas respeitará aquilo que escolhemos. Deus é amor, e como nos ama,  Ele deseja que todos, sem exceção, estejamos ao seu lado por toda a eternidade. Mas Deus não pode contradizer-se, ele criou a humanidade de forma livre, ele não pode forçar a ninguém que o ame, e não pode forçar a ninguém que o obedeça. Por isso Ele respeitará a decisão pessoal de cada um. Se eu amo a Deus e busco a este Deus aqui nesta terra, aqui neste mundo, Ele plenificará esse amor por toda a eternidade, mesmo que para isso tenha que passar pelo purgatório e ser purificado de minhas fraquezas e imperfeições. Mas se eu nego a Deus, me fecho ao seu amor e não o busco e nem desejo busca-lo, Ele também respeitará essa minha decisão, e viverei privado da sua graça por toda a eternidade. Portanto o que vai acontecer quando eu morrer dependerá de mim, daquilo que escolhi, daquilo que vivi neste mundo.

Atravessar esse túnel escuro que me levará à outra realidade não se trata de uma tarefa fácil. O que importa agora, não deve ser o túnel em si, ou até mesmo essa nova realidade que ele nos conduzirá, mas o que realmente importa é como chego diante desse túnel. Estarei preparado para esse momento? Serei pego de surpresa? Terei condições de atravessá-lo e chegar a um lugar que realmente seja feliz, e feliz por toda a eternidade?

O que vai acontecer quando eu morrer? Viverei nesse lugar onde não haverá mais lágrimas, nem dor nem sofrimento? Viverei neste lugar onde não haverá mais a doença e a morte? Ou irei para o fogo eterno? Para o lugar onde o sofrimento será para sempre, onde estarei afastado do amor divino e de sua graça? O que vai acontecer quando eu morrer?

... Estarei preparado para esse momento?

Pe. Davi Cruz

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  • Célia A. Cardoso

    Esse texto é reconfortante. A escolha por Deus é feita aqui na Terra e confirmada no Céu. Isso nos dá esperança e lança fora todo o temor da morte.

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  • Célia A. Cardoso

    Esse texto é reconfortante. A escolha por Deus é feita aqui na Terra e confirmada no Céu. Isso nos dá esperança e lança fora todo o temor da morte.

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